Resenha - O Primeiro Telefonema do Céu

Livro: O Primeiro Telefonema do Céu
Autor: Mitch Albom
Páginas: 288
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580413496

Como você se sentiria se um dia recebesse uma ligação de alguém que ama muito e que já se foi? Numa sexta-feira comum, o telefone de Tess Rafferty toca. É sua mãe, Ruth, que morreu quatro anos antes. Em seguida, Jack Sellers e Katherine Yellin recebem ligações semelhantes, do filho e da irmã, também já falecidos. Nas semanas seguintes, outros habitantes de Coldwater afirmam que estão em contato direto com o além, e que seus interlocutores lhes pediram para espalhar a boa-nova ao maior número possível de pessoas. A mensagem é simples: o céu existe, e é um lugar onde todos são iguais. Em pouco tempo, correspondentes de diversos meios de comunicação aportam na cidade para transmitir os desdobramentos do fenômeno que pode ser o maior milagre da atualidade. Visitantes do país inteiro começam a surgir, as vendas de telefone disparam e as igrejas se enchem de fiéis.Apenas uma pessoa desconfia da história: Sully Harding, ex-piloto das Forças Armadas. Após quase morrer num desastre aéreo, perder a mulher e cumprir pena por um crime que não cometeu, ele não acredita num mundo melhor, muito menos após a morte. E quando seu filho pequeno começa a esperar uma ligação da mãe morta, ele decide provar que estão todos sendo enganados.

 Eu lembro da explosão de resenhas positivas na blogosfera desde que esse livro foi lançado, isso foi o empurrãozinho que faltava para que eu solicitasse a obra. Fico feliz em dizer que não me arrependi!

 A premissa é incrível, impossível ler a sinopse e não sentir, nem que seja um pouco, de curiosidade com relação ao livro. É também um tema difícil de ser desenvolvido, mas o autor conduziu a trama com maestria. 

 É incrível como tudo parece incrivelmente realista: da caracterização dos personagens até a ambientação da obra. Ao longo da história conhecemos diferentes histórias de indivíduos que foram afetados por essas ligações provenientes do céu.  No início é tudo muito confuso, são personagens demais, com características bem distintas, mas depois acabamos associando os diversos nomes com suas respectivas histórias.

 O mais interessante de tudo é ver os diferentes impactos que esses telefonemas tiveram na vida das pessoas relatadas. O autor criou personagens extremamente críveis e humanos, mostrando suas fraquezas, motivações e falhas. Não existem vilões ou mocinhos, mas sim pessoas reais, com defeitos e qualidades. É esse tipo de característica que me ganha em um livro. Adoro ver as mais diversas facetas humanas e foi exatamente isso que tive ao ler essa obra. 

 De uma forma inusitada, o Mitch desenvolve tudo sem parecer fantasioso demais ou realista em demasia. Ele consegue encontrar o perfeito ponto de equilíbrio entre os dois mundos, criando um livro extremamente envolvente e encantador. 

 Me surpreendi com o final, é algo que nunca poderíamos imaginar no começo. Ele não é totalmente claro, deixa informações subentendidas e cabe ao leitor acreditar no que mais lhe convém. O mais genial de tudo é que não é algo aberto, mas sujeito a diversas interpretações.   

 Em meio a tudo isso, a obra faz certas ligações interessantes e inusitadas entre a vida dos personagens e surpreende o leitor em diversos momentos. 

 O autor conseguiu abordar o tema de uma forma mais abrangente, não focou em apenas um lugar, ele mostrou uma visão panorâmica daquele acontecimento e suas consequências para uma região relativamente grande. Mitch soube pegar uma premissa incrível e, com base nela, construir uma trama grandiosa.

 Em meio a toda essa genialidade, o autor consegue passar mensagens simples e sutis, com aplicação direta em nosso cotidiano. De forma nenhuma é algo forçado, mas sim que nos faz refletir verdadeiramente.

 Em suma, O Primeiro Telefonema do Céu é um livro que recomendo sem restrições. Me surpreendi com uma obra original, de extrema qualidade e personagens bem construídos. Independente da idade, sexo ou ideais, esse é um livro que merece ser lido.

Quotes:

"Acho que as pessoas acreditam no que querem. 

"Raiva, arrependimento, preocupação... tudo isso desaparece quando a gente está aqui... Não se perca... dentro de si mesma." 

"- Eu tinha tanto medo quando estava na guerra... Todos os dias eu temia pela minha vida, tinha medo de perdê-la. Mas agora eu sei.- Sabe o quê?- Que é o medo que nos faz perder a vida, um pouco de cada vez. O que damos ao medo, retiramos da fé."

"Há duas versões para cada vida: a que vivemos e a que os outros contam." 

"Não há nada tão ruim que não possa piorar."

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