Resenha - 100 Dias de Felicidade

Livro: 100 Dias de Felicidade
Autor: Fausto Brizzi
Editora: Suma de Letas
Páginas: 312
ISBN: 9788581052359

“Não tenho nenhum feito ou mérito para ser lembrado na posteridade. Para justificar uma placa de mármore em um edifício. Uma placa diante da qual alguém passe e diga: ‘Vou ver rapidinho na Wikipédia quem era esse Battistini!’ Ainda assim, tenho uma mulher e dois filhos que amo, amigos maravilhosos, um time de garotos que dariam a vida por mim. Cometi alguns erros, farei outros ainda, mas também participei da festa. Eu também estava lá. Em um canto, talvez; eu não era o aniversariante, mas estava lá. A única tristeza foi ter que descobrir que vou morrer para começar a viver.”
Esta é a história de Lucio Battistini, apaixonado pelo time de polo aquático que treina e pela família: a mulher e os dois filhos pequenos. É a história de como ele viveu os últimos 100 dias de vida com o “amigo Fritz”. E de como, contra todas as probabilidades, aqueles foram os melhores dias de toda a sua vida.

 Desde que eu li a premissa desse livro fiquei curiosa para conhecer a história. A verdade é que me encantei pelo fato do protagonista estar destinado a morrer, mas, mesmo assim, viver esses últimos dias de maneira extraordinária. 

 De fato, a trama é incrível. Parte de um tema que vemos ser desenvolvido de várias formas em vários livros, mas aqui nós temos uma perspectiva diferente, bem humorada e extremamente simplista. Não costumo gostar de histórias que envolvem câncer, pois acho esse um assunto extremamente delicado e dificilmente  concordo com a forma que os autores lidam com o assunto. Mas, nesse caso, é como se cada palavra escrita esbanjasse veracidade. Mesmo sendo um tema complexo, o Fausto soube desenvolver com maestria.

 Não espere um daqueles livros extremamente tristes, porque a mensagem da obra é outra. Nós acabamos vendo a vida por uma perspectiva totalmente nova, aprendemos com o protagonista a valorizar as menores coisas e viver o presente, porque o resto é o que menos importa. Aprendemos a dar valor ao que temos, porque é isso o mais importante. Fiquei fascinada pela forma que o livro descreve coisas simplistas, do dia-a-dia, mas sem perder a graça, o bom humor. Pessoas normais, em circunstâncias diversas são o foco da narrativa e nós nos deliciamos com cada história nova e seus desfechos. A maneira que ela nos é apresentada.

 Esse é, acima de tudo, um livro sobre a vida, sobre como as coisas mais simples são as que nos fazem mais feliz, é uma celebração a cada momento que pode parecer pequeno, mas é o responsável pelo nosso sorriso. O tributo para as pessoas que amamos e que completam o nosso dia de forma extraordinária.

 O protagonista é um italiano comum, homem de família, com 40 anos, que caiu na rotina, mas vê sua vida virar de cabeça para baixo ao descobrir ter o temido câncer que, infelizmente, já não pode ser tratado, pois está em um estado muito avançado. É claro que a situação poderia ter sido outra, se ele não tivesse atribuído menos importância do que deveria para as dores que sentia esporadicamente. Mas é também em uma circunstância tão atenuante que ele aprende a ser feliz, redescobre as belezas da vida e nós redescobrimos junto com ele.

 Os personagens secundários são incríveis. Demasiadamente humanos, isso sempre me encanta. Todos são tão únicos que se torna impossível se esquecer de algum. Cada qual com uma história de vida interessante, com passado e presente delineados. Acho que a forma que o protagonista enxerga a vida também contribui para vermos nessas pessoas características tão singulares. Mas são, acima de tudo, personagens cotidianos, que poderíamos encontrar em uma esquina qualquer.

 A edição da Suma está impecável. Essa capa é linda e tem um significado incrível para a história como um todo, o tamanho da fonte é um pouco menor da que estou acostumada a ler, mas a revisão está impecável, não é possível encontrar erros. 

 Em suma, 100 Dias de Felicidade é um livro incrível, que recomendo para as pessoas de todas as idades. É uma obra simples, mas que consegue transmitir como poucas a verdadeira essência da vida e o fato da felicidade residir nas pequenas coisas. Nunca vai ser tarde para ler esse livro e enxergar as coisas de uma maneira mais leve, mais colorida. Recomendo muitíssimo.

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