Resenha - A Escolhida

Livro: A Escolhida
Autora: Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Páginas: 192
ISBN: 9788580413472

Kira, uma órfã de perna torta, vive em um mundo onde os fracos são deixados de lado. A partir do momento da morte de sua mãe, ela teme por seu futuro até que é perdoada pelo Conselho de Guardiões. A razão é que Kira tem um dom: seus dedos possuem a habilidade de bordar de forma extraordinária. 

Ela supera a habilidade de sua mãe, e lhe cabe a tarefa que nenhum outro membro da comunidade pode fazer. Enquanto seu talento a mantêm viva e traz certos privilégios, ela percebe que está rodeada de mistérios e segredos, mas ninguém deve saber sua intenção de descobrir a verdade sobre o mundo.

 Essa resenha NÃO contém spoilers nem deste livro e nem do anterior. Clique AQUI para ver a resenha de O Doador de Memórias (primeiro volume da série).

 Esse é o segundo volume de uma série que fez um imenso sucesso aqui no Brasil, que começou com O Doador de Memórias. Antes da adaptação ser lançada a editora nem planejava lançar a continuação, porém acabou mudando de ideia. Juro que agora entendo o motivo deles não terem feito questão de lançar a continuação. Não porque seja ruim, apesar de ser mesmo inferior ao primeiro volume, mas porque esse livro não tem praticamente nenhuma ligação com o anterior. Ele se passa em um universo diferente, com personagens diferentes e tramas totalmente diferentes.

 Existe sim uma pequena referência ao primeiro livro no final da obra e eu acho que, aos poucos, tudo vai se interligar, mas neste volume isso realmente não aconteceu. Só temos uma pequena dica de que isso pode vir a acontecer no futuro, mas é algo bem sutil, que aparece no final e não temos certezas.

 A verdade é que não achei que a história foi tão interessante quanto no primeiro volume. O ambiente onde a trama se desenrola não nos desperta muita curiosidade. É uma espécie de aldeia onde as pessoas vivem de forma um pouco primitiva, até. O cenário me instigou muito pouco.

 A protagonista tem uma característica física marcante, tem garra, perseverança e uma bondade assustadora. Ela é, sem dúvidas, uma personagem legal, mas não consegui ter aquele sentimento de afeição especial pela mesma, nem mesmo torci para que as coisas dessem certo para ela. Eu acho que gosto menos quando sinto apatia por um personagem do que quando a odeio de forma escancarada. Isso porque, em minha opinião, a indiferença é ainda pior do que um sentimento forte como raiva.

 Os personagens secundários são legais, mas senti a mesma falta de brilho neles. Senti apatia por todos, por mais que tivessem personalidades bacanas e louváveis, eles simplesmente não despertaram nada mais em mim. Isso tudo foi me distanciando da história.

 Para os fãs de romance eu aviso logo: ele é inexistente. Não sei se ele iria acrescentar algo na trama ou não, mas é bom deixar claro esse aspecto.

 A história é cheia de reviravoltas, temos algumas descobertas bastante interessantes e revelações, mas isso é mais pro fim. A leitura do livro é mais linear mesmo, nada de muita ação. Achei bacana o fato da autora não querer "encher linguiça" para o livro ficar mais grosso, ela vai direto ao ponto (desde o primeiro volume) e isso é algo que muito me agrada em seu trabalho.

 A escrita da Lois é muito gostosa, por mais que o livro não tenha muita ação em andamento, em momento nenhum a leitura se torna chata ou entediante. A autora sabe muito bem como entreter o leitor e desenvolver as coisas da forma mais interessante possível.

 O livro traz algumas reflexões sobre a sociedade em que vivemos atualmente e coloca valores em xeque. São dicas sutis e nós vamos refletindo de maneira quase inconsciente. 

 Em suma, A Escolhida me decepcionou um pouco. Não me envolvi com a trama e os personagens de maneira plena, senti, inclusive, apatia pelos mesmos. Mas a autora conduz a história de forma incrível e sua escrita tem uma fluidez absurda. Isso tudo sem falar nas reflexões que o livro nos leva a fazer de maneira indireta. Não é uma leitura obrigatória para quem leu

Quotes:

"Os pequenos aprendem desde cedo a agarrar as coisas e empurrar os outros. É a única maneira que as pessoas têm de conseguirem o que querem"

Classificação: