Resenha - O Manuscrito

Livro: O Manuscrito
Autor: Chris Pavone
Páginas: 336
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580414462

Não existe no mundo uma única pessoa que possa comprovar tudo o que está nestas páginas. Mas há uma pessoa que pode chegar perto disso. Há outras pessoas que poderiam, se devidamente motivadas, confirmar certos fatos. Talvez este livro seja a motivação para essas testemunhas, um impulso para revelarem suas verdades, para comprovarem esta história. Mas o autor não é uma dessas possíveis testemunhas. Porque, se o que você está lendo for um livro concluído, impresso, encadernado e distribuído para o mundo, é quase certo que eu já esteja morto.

 É raro eu resenhar um livro desse gênero aqui no blog e quem me conhece sabe muito bem disso, mas assim que vi esse lançamento e li a sinopse fiquei extremamente curiosa pela obra em todos os aspectos, então solicitei para a editora e não me arrependi dessa escolha nem por um segundo.

 Eu costumava ler muitos livros de suspense e mistério quando mais nova, eram meus gêneros favoritos, em algum momento eu acabei parando de ler tais histórias e a obra do Pavone me relembrou o motivo de eu gostar tanto desse tipo de trama.

 No começo a leitura é lenta, o livro possui muitos personagens com os quais nós ainda não familiarizamos e a narração é intercalada a todo momento, então nas primeiras páginas tudo é muito confuso. Esse artifício de criar muitos personagens pode ser um probleminha no começo, mas depois se revela uma grande sacada, pois é uma escolha que ocasiona uma das melhores coisas do livro: as vidas que aparentemente não parecem ter ligação sendo conectadas de uma maneira sensacional no final. 

 O livro não segue uma narrativa linear, ocorre sempre alteração de perspectiva, como são vários personagens eles possuem trechos em que a narração foca em cada um deles, então é tudo bastante fragmentado. Existe também, em certos momentos, uma desconstrução do tempo, o autor vai e volta cronologicamente, esse é outro fator que achei que poderia ter sido melhor alertado ao leitor, mas no fim das contas é perceptível quando isso acontece. 

 A história em si é muito bem escrita e delineada, temos sempre reviravoltas de tirar o fôlego e revelações inesperadas. Sem falar que o autor conseguiu criar uma trama complexa em que cada acontecimento está interligado e onde tudo é absolutamente imprevisível e instável. 

 O tema em si é muito interessante e o autor o aborda com todas as nuances possíveis, ele envolve várias questões, mergulha de cabeça no mundo editorial e em detalhes que eu provavelmente nunca saberia se não fosse o livro. Além de, claro, termos muito mais do que somente isso, de forma que o livro trata de muitos assuntos interessantes e pertinentes.

 Quando se trata de personalidade e criação de um personagem eu realmente não tenho reclamações, como são muitas e variadas pessoas a coisa toda fica mais abrangente, não vou especificar, mas gostei de ver personagens com todo o tipo de inclinação, com personalidades bem reais, com defeitos e qualidades e todas essas coisas que os tornam essencialmente humanos. 

 A escrita do Chris é interessante e meticulosa, ele se atém a detalhes e possui uma narração bastante minuciosa, escrevendo além do óbvio e citando detalhes casuais. Claro que isso tudo torna a leitura um pouco mais lenta, mas é uma característica interessante de ser percebida. A edição está impecável, encontrei um ou dois errinhos de revisão, mas nada realmente alarmante e essa capa é linda. Sem falar que por dentro o livro continua nos ganhando visualmente. Realmente não tenho motivos para reclamar.

 Em suma, O Manuscrito é um livro inteligente, bem escrito e totalmente imprevisível que realmente me conquistou. Uma dica que dou para todos os amantes de uma história boa, inteligente, bem escrita e cheia de ligações inesperadas. De fato, recomendo a história sem receios para qualquer pessoa. Espero mesmo que vocês leiam e tenham uma experiência tão boa quanto a minha.

QUOTES:

"É o que sempre digo: se outra pessoa pode escrever o livro, você não deve escrevê-lo. O primeiro passo é perguntar: qual é o único livro que só pode ser escrito por você?"

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