Resenha - Sete dias sem fim

"Judd Foxman pode reclamar de tudo na vida, menos de tédio. Em questão de dias, ele descobriu que a esposa o traía com seu chefe, viu seu casamento ruir e perdeu o emprego. Para completar, seu pai teve a brilhante ideia de morrer. Embora essa seja uma notícia triste, terrível mesmo é seu último desejo: que a família se reúna e cumpra sete dias de luto, seguindo os preceitos da religião judaica.

Então os quatro irmãos, que moram em diversos cantos do país, se juntam à mãe na casa onde cresceram para se submeter a essa cruel tortura. Para quem aprendeu a vida inteira a reprimir as emoções, um convívio tão longo pode ser enlouquecedor.

Com seu desfile de incidentes inusitados e tragicômicos, Sete dias sem fim é o livro mais bem-sucedido de Jonathan Tropper. Uma história hilária e emocionante sobre amor, casamento, divórcio, família e os laços que nos unem – quer gostemos ou não."

 Um livro que me tirou da zona de conforto. Quem acompanha o blog sabe que eu não costumo ler obras desse gênero, mas essa sempre foi tão bem comentada e, com a proximidade da estréia da adaptação cinematográfica, eu acabei solicitando a obra. Posso dizer que o livro é incrível e valeu cada segundo da leitura.

 Sabe quando uma obra não segue uma "fórmula" de escrita? É algo inédito, único e que me cativou desde o começo. Todos os acontecimentos tem um tom trágico e, ao mesmo tempo, cômico. Não sou grande fã de comédias, mas essa é brilhante. 

 As situações vividas são inusitadas, curiosas e divertidas. E por mais surreal que sejam, eu consegui imaginar aquilo acontecendo de verdade. Tudo se encaixa tão bem, as finalizações são tão realistas e a obra é simplesmente imprevisível. Assim como a vida.

 O  recurso utilizado pelo autor de ver humor nas coisas ruins é uma bela tática, afinal, sem isso, o livro ficaria com uma atmosfera muito pesada. Esse é, sem dúvidas, o ponto alto da obra. Eu conseguia visualizar cada cena em um filme e percebi como ficaria hilário.

 O protagonista é incrível. Uma dessas pessoas que está na pior fase de sua vida e não faz ideia do que fazer em seguida, esses sete dias foram a salvação dele no final das contas. A forma que o mesmo lida com a vida dá vida a trama. Adorei acompanhar a história pela perspectiva do Judd.

 Os personagens secundários são tão únicos. A personalidade deles é tão diversa, tão marcante e tão real que é impossível que eles não cativem o leitor. Todos juntos então, imagine só! Eles são, acima de tudo humanos, com defeitos, qualidades e um passado que justifica muitas de suas atitudes. Não existem vilões e nem mocinhos, todos eles são um pouco de cada coisa.

 O livro tem descrições explícitas de sexo e termos chulos, então definitivamente não é uma leitura que eu recomendaria para o pessoal mais novo. Creio que para produzir o filme eles terão que suavizar e cortar várias cenas.

 A conclusão da obra foi fantástica, nada daqueles finais irreais onde, de repente, todos os problemas encontram solução e todos têm um final feliz. Foi algo bem pé no chão e crível dentro da realidade da obra. Posso dizer que foi a cereja de um bolo que já era incrível.

 A edição da Arqueiro está, como sempre, impecável. Só encontrei um erro e, mesmo assim, foi de digitação. Essa capa é LINDA, a diagramação está simples, porém muito arrumada. As folhas são macias e o tamanho das letras é ideal para uma leitura confortável.

 Em suma, Sete dias sem fim é um daqueles livros que tem tudo: romance, humor, tragédia, mistério e reviravoltas. Uma obra completa que indico sem sombra de dúvidas. Leiam esse livro e tenho certeza que não irão se decepcionar! Uma das melhores leituras de 2014! ESTÃO FAZENDO O QUE AQUI? CORRAM PRA CONHECER ESSA HISTÓRIA!

Quotes:

"A gente aprende a não pensar no que poderia ter sido e a simplesmente agradecer pelo que tem." 

"Às vezes penso: não seria ótimo se esta vida também não passasse de um sonho? E em algum lugar existe uma versão mais completa, mais feliz e mais magra dormindo nesta cama. E esse eu, o que está sonhando com tal versão, está prestes a se forçar a acordar para o pesadelo que é a minha vida." 

"A única coisa que é possível saber sobre as pessoas é que você não sabe absolutamente nada sobre elas." 

"Somos tão incapazes de entender a nós mesmos quanto de entendermos os outros." 

"A certa altura não interessa dizer quem estava certo e quem estava errado. A certa altura, ficar zangado um com o outro não passa de um mau hábito, como fumar, e você continua se envenenando sem se dar conta disso."

Edição: 2

Editora: Arqueiro

ISBN: 9788580411553

Ano: 2014

Páginas: 304

Tradutor: Regina Lyra