Resenha - A Vingança de Mara Dyer

Livro: A Vingança de Mara Dyer
Autora: Michelle Hodkin
Páginas: 378
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501104649

Terceiro e último volume da trilogia Mara Dyer
A série mescla paranormalidade, conspiração e romance para contar a história de uma adolescente com poderes especiais. Elogiada pelas autoras das séries Divergente e Instrumentos Mortais, Michelle Hodkin cria aqui uma trama surpreendente, onde nada é o que parece. Depois de descobrir que consegue matar apenas com o pensamento, assim como seu namorado é capaz de curar com a mesma facilidade, Mara Dyer é capturada por uma inescrupulosa médica, que a faz passar por uma série de testes e experimentos. Mas Mara não está sozinha. Outros jovens com poderes igualmente extraordinários são usados como cobaia. Com a ajuda deles, e de um velho inimigo, ela consegue fugir e parte em busca de vingança.

A partir daqui essa resenha NÃO contém spoilers nem deste livro e nem do anterior. Veja as resenhas dos volumes anteriores:

1. A Desconstrução de Mara Dyer

2. A Evolução de Mara Dyer

 Quem acompanha o blog há mais tempo sabe que eu sou completamente apaixonada por essa história, desde o primeiro volume. Quando terminei o segundo então já não me aguentava mais de ansiedade para que o terceiro fosse logo publicado no Brasil. 

 Mara Dyer é uma dessas trilogias com história diferente, que te prende, te faz ficar curiosa e ansiar por respostas. Os dois primeiros volumes encheram completamente meus olhos, um melhor que o outro, então minhas expectativas para com a finalização estavam imensas, pena que eu tenha me decepcionado.

 Quando você gosta tanto de uma história é natural que espere muito dela, as achei que nesse terceiro volume a autora se perdeu. Existem muitos momentos bons, mas também partes inconsistentes, que não convencem e me aborreceram. 

 Vou começar falando o que é bom, como de costume.  A autora criou toda uma atmosfera obscura para a obra, a leitura literalmente dá arrepios, tudo isso sem apelar muito para o sobrenatural. Ela costuma usar mais a mente e suas facetas para mexer com nossa própria imaginação. Acho isso muito legal, tanto é que nenhum personagem é bonzinho ou vilão. Nós temos pessoas, com todas as implicações que essa palavra sugere. Então são sujeitos que estão inclinados tanto para o bem, como para o mal. Isso é louvável.

 Não posso deixar de citar que a autora criou uma protagonista jamais vista anteriormente, quem ler este volume em especial vai entender o que eu digo. Dessa forma ela inverteu o jogo, nos mostrou os outros lados da história. Temos a tendência de confiar e aprovar as atitudes da personagem principal, mas Mara é diferente. Fiquei com muita raiva dela em vários momentos, ela é egoísta, às vezes cruel, às vezes bondosa, às vezes compreensiva, em outras explosiva. É uma dessas personagens inconstantes que representam de maneira bem abrangente as pessoas em geral, nem sempre estamos em um bom dia ou querendo cantar com os passarinhos. Então nesse sentido a Mara é bem interessante, ela é muito verossímel e possui um pouco do que eu ando sentindo falta nas protagonistas em geral: mais características humanas de fato, essa inconstância que eu observo em minha própria vida. Hoje eu posso estar bem e amanhã ter acordado na bad. Mara ilustra isso muito bem, apesar de ser sombria às vezes. Basicamente eu não concordo com ela sempre e não consegui impedir a mim mesma de sentir uma falta de afinidade imensa por ela, mas aplaudo a Michelle de pé por ter tido a coragem e audácia de criar uma personagem assim. Ela é do tipo que você não vai se esquecer.

 Os outros persoagens seguem essa mesma linha, são bem reais, inconstantes e não possuem um lado bem definido da força, sabe? Eles fazem coisas boas e ruins como todos nós, xigam, falam umas indecências, fazem coisas fora da lei e no fim do dia continuam sendo essencialmente humanos e bem diversos, se é que me permitem o comentário. Aliás, mais do que o perfil psicológico, preciso aplaudir novamente a autora por ter criado não somente personalidades tão marcantes, mas também personagens bem diversos fisicamente. Baixos, altos, indianos, loiros... É o tipo de coisa que eu gosto de ver. 

 Dessa vez o romance não me cativou como nos dois primeiros volumes, ai caramba, na verdade eu estava torcendo contra o casal e descordei em muitos momentos de certas escolhas feitas pela autora em relação ao romance. Estava pensando realmente que ela poderia ter fugido do óbvio com certas escolhas, mas agora me questiono se essa não foi mesmo a melhor opção. Deixar o egoísmo de Mara se sobressair, isso é humano, isso é imprevisível. Deixar Mara ser quem ela é, no sentido mais puro da palavra e só quem ler esse livro vai entender do que eu estou falando. Eu queria que ele tivesse terminado em um certo momento, mas a autora tomou outra escolha e agora eu já não sei mais qual faz mais sentido. Talvez até acabe concordando com a Michelle, talvez o que ela fez foi mesmo o mais arriscado.

 O livro teve muitas cenas interessantes e que nos prendiam, mas também teve momentos bem monótonos e que realmente não envolviam o leitor. Também achei que a autora criou algo muito grandioso e depois não soube desenvolver tudo isso. Chegou um momento em que tudo ficou muito complexo, de tal forma que seriam necessários outros livros para desenvolver isso de forma satisfatória. Basicamente ela deixou tudo relacionado aos segredos para o último volume e isso definitivamente não deu certo, uma grande quantidade de informação foi jogada às pressas no leitor e senti que existem mais coisas que precisam ser melhores desenvolvidas. Então a Michelle definitivamente se perdeu na grandiosidade criada por ela mesma. Odeio quando isso acontece. Ela não precisava correr tanto, já que foi essa a impressão que nos causou. Se não desse para resolver tudo de maneira satisfatória nesse volume ela poderia escrever outros, mas deixar o nível da história cair não deveria ser uma opção.

 Eu amo biologia, especialmente genética, existe um pouco disso no livro, mas achei a explicação vaga. Quando alguém se propõe a escrever uma ficção eu realmente espero que ela queira nos mostrar como ela imaginou que certas coisas impossíveis seriam possíveis em seu universo. Então sim, não faria mal ter um pouco mais de biologia envolvida em certos momentos, a coisa toda ficou muito superficial nesse sentido e eu fiquei ali realmente duvidando do que estava sendo dito. E, sim, dá pra escrever esse tipo de livro e mesmo assim o fazer ficar verossímel. Não dá pra explicar melhor sem dar spoiler. 

 A história em si dá medo, e olha que eu sou super tranquila com essas coisas, não sinto medo nem em filmes de terror, mas esse realmente me fez ter calafrios e olhar duas vezes para ver se a porta estava realmente trancada. Ela nos deixa meio paranoica e tiveram momentos de revirar o estômago. O meu é bem forte, nunca tinha sentido isso antes, mas fiquei realmente com vontade de vomitar em alguns trechos. Algumas coisas ali presentes são realmente doentias, ugh!

 A edição da Galera está impecável, essa capa é linda, não tira o encanto nos mostrando o rosto dos modelos, apesar do cabelo no rosto da menina me dar medo. Muito medo. Entretanto a imagem segue o mesmo estilo das capas dos outros volumes, além de ser igualmente linda e macabra, justamente como o livro. A diagramação está ótima, mas encontrei alguns erros de tradução/revisão. 

 Em suma, esse livro me decepcionou um pouco em certos aspectos, não foi a finalização dos sonhos para uma autora que escreveu dois livros que estão entre os meus favoritos, mas não deixo de tirar o mérito da história e recomendá-la a quem quer que seja, mesmo tendo um final decepcionante.

QUOTES: 

"Não vou pedir 'perdão'. Perdão não significa nada quando não se pode prometer que não vai fazer tudo de novo e não posso prometer isso." 

"A verdade alcança a gente no fim. Sempre alcança." 

"Olhar pra ela é como entrar no lar que um dia foi seu e descobri-lo redecorado por novos donos desconhecidos." 

"Vai fazer coisas boas que lhe trarão arrependimento, e coisas ruins que não trarão. mas deve seguir em frente." 

"Já foi dito que deve existir um vilão para cada herói, um demônio para cada anjo, um monstro para cada deus. A despeito do que somos, não acredito nisso. Vi os vilões agirem heroicamente , e homens intitulados de heróis agirem com vilania. Cure as pessoas erradas e você se transforma em vilão. Mate as pessoas certas e você se transforma em herói. São nossas escolhas que nos definem, não nossas habilidades." 

"Você é o que a felicidade significa pra mim. E preferiria possuir o dia de hoje com você a ter a eternidade com qualquer outra pessoa." 

"Esta é uma história de amor. Tortuosa e caótica. Cheia den falhas e ferrada. Mas é nossa. Somos nós, Não sei como vai terminar, mas sei como começa."

CLASSIFICAÇÃO: