Resenha - O Garoto Quase Atropelado

Livro: O Garoto Quase Atropelado

Autor: Vinícius Grossos

Páginas: 272

Editora: Faro Editorial

ISBN: 9788562409462

Um garoto sofreu com um acontecimento terrível.Para não enlouquecer, ele começa a escrever um diário que o inspira a recomeçar, a fazer algo novo a cada dia.O que não imaginou foi que agindo assim ele se abriria para conhecer pessoas muito diferentes: a cabelo de raposa, o James Dean não-tão-bonito e a menina de cabelo roxo, e que sua vida mudaria para sempre!Prepare-se para se sentir quase atropelado de uma forma intensa, seja pelas fortes emoções do primeiro amor, pelas alegrias de uma nova amizade ou pelas descobertas que só acontecem nos momentos-limite de nossas vidas.

 Eu poderia ter gostado desse livro, poderia ter gostado muito, se eu não tivesse lido As Vantagens de Ser Invisível.

 Quem me conhece sabe que eu odeio comparações e evito ao máximo citar um livro que não seja o resenhado em uma crítica literária, chego a achar isso desrespeitoso e um pouco caso com a obra, só faço isso quando é absolutamente necessário e foi justamente o que aconteceu aqui. 

 Eu fiquei curiosa por esse livro desde que li a sinopse, a coisa toda parecia muito promissora, mas juro que desde que eu li a primeira página eu lembrei de As Vantagens de Ser Invisível. E não foi algo na obra que me remeteu vagamente a história do Stephen, mas várias coisas e situações que desde o começo me fizeram lembrar fortemente de coisas que aconteceram nesse outro livro, mas situações tão parecidas que eu fiquei chocada. São cenas quase idênticas, situações muito iguais, falas que são como coisas ditas em As Vantagens de ser invisível, só que com outras palavras, personagens com problemas parecidos, os comentários sobre livros... Enfim, eu poderia passar a noite listando as coisas que achei parecidas (até demais).

 Quem me conhece sabe que eu prezo muito por originalidade em uma obra, é uma das coisas mais essenciais para que o livro receba uma resenha positiva minha, então me deparar com uma história tão parecida com outra me deixou, acima de tudo, triste, porque entre tudo o que o autor poderia fazer de novo e original, ele optou por fazer algo similar a outra obra, obra essa que já possui um lugar cativo no meu coração. Então eu fiquei triste, porque esse tipo de coisa primeiro me choca e depois me faz refletir. O pior é que a história tinha potencial, o pior é que o autor escreve bem, muito bem, arrisco dizer, o pior é que todas essas coisas e situações que poderiam ter culminado em um livro original e marcante apenas me fizeram lamentar por ler algo que me pareceu muito parecido com outra história e isso é sempre lamentável. 

 Desculpem, mas não entra na minha cabeça esse tipo de coisa, desculpem, mas tendo dito todas aquelas informações sobre minha decepção com o livro eu simplesmente não consigo continuar analisando a obra, porque ela quebrou algo que eu considero essencial e só isso já é motivo o suficiente para me chatear. Caramba, faça tudo, menos algo similar a outro livro. Eu sei que nada se cria, tudo se reinventa, mas sei também que as coisas possuem limites, que nem tudo é minimamente aceitável e eu me recuso a aceitar o que testemunhei. Infelizmente, para mim, esse vai ser sempre o livro que poderia ter sido, que deveria ter sido, mas não foi porque não foi autêntico. E autenticidade, para mim, é o que valida o resto. 

 No fim das contas o livro possui um ritmo gostoso, aborda assuntos bastante polêmicos e, de certa forma, pesados. A leitura flui, a história possui uma carga reflexiva (quase filosófica), as situações nos prendem e nos fazem querer saber mais, os personagens são bem delineados, são interessantes e divertidos. O autor faz algumas reviravoltas vitais e um final que me conquistou pela imprevisibilidade e originalidade (pelo menos o final foi original, não a cena final, mas a forma que ele desenrolou certos acontecimentos). Basicamente o livro tinha tudo para me conquistar totalmente, mas possuiu aquele defeito que já citei anteriormente.

 A edição está impecável visualmente, como costuma acontecer com a Faro Editorial. As folhas são mais grossas que de costume, o que amo, já que deixa o livro mais resistente. A capa é linda e singela, e todos os detalhes estão lindamente bem feitos. Encontrei uns errinhos de português aqui e acolá, nada alarmante, mas que poderiam ter sido evitados.

 Como palavra final eu digo que O Garoto Quase Atropelado foi um livro de quases, ele quase me cativou (e poderia ter feito por completo, se não fosse a tristeza que tive ao constatar que a história era tão similar a de outro livro), ele quase me fez dar uma resenha super positiva, ele quase recebe cinco estrelas. Mas, infelizmente, quase não é lá.

QUOTES:

"A fantasia é uma das poucas coisas que ainda me restam."

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