Resenha - Depois Daquela Viagem

Livro: Depois daquela viagem

Autora: Valéria Piassa Polizzi

Páginas: 290

Editora: Ática

ISBN: 850808742

Sinopse: No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria Polizzi relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, a dúvida entre "ficar" ou namorar, o despertar da sexualidade, a angústia diante do vestibular e muitas coisas que atormentam qualquer adolescente. Tudo isso seria perfeitamente natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu AIDS aos 16 anos.
A autora mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe, sem meias palavras, como a doença mexeu com sua cabeça e com os seus sentimentos, ficando claro a sua resolução de preservar sua condição de ser humano a qualquer custo.

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 Todos sabem a ansiedade que eu estava para ler esse livro. Confesso que nunca tinha realizado a leitura de uma obra na qual a protagonista tinha AIDS. Entretanto, quando soube o tema desse livro fiquei morrendo de curiosidade e aqui estou eu para falar dessa obra que deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas.

 Acredito que nem existe uma espécie de explicação para a trama do livro, apenas que a personagem principal descobre que tem o vírus HIV e, consequentemente, a doença da AIDS e começa a contar sua vida a partir disso, suas experiências e a forma que ela começou a encarar a vida.

  Os acontecimentos do livro não foram feitos para serem comerciais, atraírem um leitor em potencial para a venda do livro ou causar grandes impactos e reviravoltas. São apenas fatos que ocorreram na vida de uma pessoa comum, no caso a Valéria. Não são acontecimentos extraordinários e nem com extremas reviravoltas, é apenas um relato extremamente real sobre a vida de uma pessoa. Uma pessoa que tinha AIDS. Uma pessoa como qualquer outra.

 Para mim, mais interessante do que os fatos em si é a maneira inusitada que a personagem tem de encarar o mundo, de levantar questões, de falar sobre assuntos polêmicos e nos fazer questionar um bocado de coisas que antes nem havíamos pensado a respeito. A obra tem uma linguagem direta, é quase um diálogo com alguém. Alguém com opiniões muito interessantes e uma história de vida surpreendente.

 É claro que esse livro serve para, em primeiro lugar, conscientizar sobre a AIDS e deixar algumas coisas sobre a doença bem claras. Desmistificar certos fatos. Entretanto é também um livro sobre a vida, sobre questões que eram fundamentais em 1986 (época onde a história começou), que continuam sendo de extrema relevância em 2014 e que, provavelmente, serão extremamente importantes nos anos que se seguirão.

 A protagonista é muito autêntica, de personalidade forte e extremamente decidida. Considero inclusive essa uma obra autobiográfica, afinal conta a história da Valéria Piassa escrita pela Valéria Piassa. Posso garantir que a Val é uma pessoa com uma maneira muito interessante e singular de enxergar o mundo, fala as coisas na lata (principalmente para seus leitores) e não tem medo de expressar seus reais sentimentos. Ela é verdadeira, é real (literalmente) e tem lições valiosas para passar para seus leitores.

 A obra não é perfeita, em alguns momentos tem um ritmo lento. Mas isso se dá pelo simples motivo do livro ser repleto de divagações e reflexões internas da própria personagem sobre determinados assuntos. Saliento que o livro não é perfeito, mas a mensagem que ele passa se encaixa facilmente nessa categoria.

 A capa da obra é bonita de sua própria maneira. A diagramação é linda também, tem desenhos diferenciados no início de cada capítulo, capítulos esses que se caracterizam por serem longos, eles são longos mesmo.

 Em suma esse é um livro que recomendo para adultos, crianças, pais, educadores e pessoas que querem conhecer uma história de vida maravilhosa e, de quebra, ainda obter lições valiosas. A autora tem o dom de adentrar no mundo jovem e traduzir em palavras todos os sentimentos sentidos por eles. Já disse e repito que não é uma obra perfeita, mas vale a pena ser lida.

 

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